
Até a próxima imersão
Faço um verso E me abstenho Do pesadelo que é viver. Desapareço no abismo até anoitecer. Retorno sem mais confusão, como se não houvesse nada Sorrio. Até a próxima imersão ao precipício.
Ela é a cilada
Lá vem ela com esse papo alucinado Eu não sei se eu tô chapado Mas não entendo meias palavras dessa mulher de frases. Ela ri, inconsequente. Parece delinquente. Sutilmente me atravessa a alma. De repente consigo achar graça E num segundo a piada se transforma em desgraça Diretamente me estressa totalmente Como um termômetro no calor se aquece rapidamente. Meu coração acelerado, irrompe a fúria que dilacera. Isso não é amor, ela é a cilada.
Fiz um poema pra você
Fiz um poema pra você Era tarde e tu me disse que já não ia mais Algumas horas após fiquei sabendo que estava presente. Não soube então me comportar e pensei em nem te falar mais nada Porém conforme a madrugada caía, já era o álcool que por mim falava. Te encontrei e comecei a recitar aquele verso hipotético. Não me importou nem um pouco ver duas ou três pessoas acompanhar aquela situação espalhafatosa Não eram muito comuns declarações públicas de afeto Mas eu também pensei naquele momento que poderia estar sendo escandaloso demais, tanto faz, Olhei nos seus olhos e vi de fato Talvez você estivesse incomodado, ingrato! Mas dois minutos depois aquela eternidade tinha acabado. Memória essa que entrou para a história daquela festa Nem contesta meu ato de entrega e não se nega Veja por inteiro o que eu quero ser para você e seja. Deseja meus versos e esclareça suas dúvidas Fuma um pra relaxar e cria um universo só pra nós. Eu vou estar lá com você com certeza.
Hora marcada
Estava à beira do abismo quando ele me encontrou Despedi-me por uns segundos e disse que logo estaria de volta Não sei por que ele insistiu em me segurar ali parada Um passo que eu desse já ingressaria para o destino final Do atrito com o chão não escaparia -Que teoria! Disse ele. Falou que eu não estava em sintonia com a vida Mas que poderia me arranjar solução. Respondi que não queria. Não sei como ele conseguiu fazer com que eu desse um passo atrás Na verdade fiquei bem intrigada com a sua teimosia e falação Eu não estava nem aí pra sua percepção Ele não devia nem estar ali, era a minha direção. Falei então: -Qual vai ser da sua meu irmão? Vai ficar aí na agonia, não tenho o dia inteiro não. Pois aí ele falou que estava com tempo de sobra e essa era a sua contradição. Agora que eu já estava irritada Bolada eu já estava, preocupada com os metros sob meus pés Já pensando no sangue da minha cara estourada Ele disse: -Que nada! Vai ficar bonitinha com a face transtornada Aí eu já saí do lugar em que estava, andei até seu ponto Olhei fixamente nos seus olhos castanhos cor de mel Agradeci seus lábios que tentaram me salvar e voei. Já estava com a hora marcada.
Babilônia caindo
Babilônia caindo E nós rindo Não havia melhor sensação. Explosão de emoção Pode ser, Nosso amor em meio ao caos Desconstrução do mundo ao redor E construção da nossa fortaleza.
-o silêncio que ficou pra trás-
então nosso amor acabou mesmo como uma trip que passou e não vai mais voltar Que outra droga vai ocupar a bad que você deixou?
seu coração
Nômades
Naquele pique cigano nós vamos
Escalando muralhas de corações vadios.
Não sei não.
Não via sentido nessa proposição.
Andarilhos do destino,
Transitando e habitando terrenos baldios.
Falamos nossos dialetos, venha e dance comigo.
Degredados e deportados sentimentos
Migrando sob a diáspora de amores vazios.

Aqui se faz aqui se paga.
Não diria uma sílaba dessa mensagem, porém já foi tarde.