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Até a próxima imersão
Faço um verso E me abstenho Do pesadelo que é viver. Desapareço no abismo até anoitecer. Retorno sem mais confusão, como se não houvesse nada Sorrio. Até a próxima imersão ao precipício.
Hora marcada
Estava à beira do abismo quando ele me encontrou Despedi-me por uns segundos e disse que logo estaria de volta Não sei por que ele insistiu em me segurar ali parada Um passo que eu desse já ingressaria para o destino final Do atrito com o chão não escaparia -Que teoria! Disse ele. Falou que eu não estava em sintonia com a vida Mas que poderia me arranjar solução. Respondi que não queria. Não sei como ele conseguiu fazer com que eu desse um passo atrás Na verdade fiquei bem intrigada com a sua teimosia e falação Eu não estava nem aí pra sua percepção Ele não devia nem estar ali, era a minha direção. Falei então: -Qual vai ser da sua meu irmão? Vai ficar aí na agonia, não tenho o dia inteiro não. Pois aí ele falou que estava com tempo de sobra e essa era a sua contradição. Agora que eu já estava irritada Bolada eu já estava, preocupada com os metros sob meus pés Já pensando no sangue da minha cara estourada Ele disse: -Que nada! Vai ficar bonitinha com a face transtornada Aí eu já saí do lugar em que estava, andei até seu ponto Olhei fixamente nos seus olhos castanhos cor de mel Agradeci seus lábios que tentaram me salvar e voei. Já estava com a hora marcada.
Nômades
Naquele pique cigano nós vamos
Escalando muralhas de corações vadios.
Não sei não.
Não via sentido nessa proposição.
Andarilhos do destino,
Transitando e habitando terrenos baldios.
Falamos nossos dialetos, venha e dance comigo.
Degredados e deportados sentimentos
Migrando sob a diáspora de amores vazios.
Aqui se faz aqui se paga.
Não diria uma sílaba dessa mensagem, porém já foi tarde.
Vai saber…
Não sei, só queria que fosse menos evidente a minha vontade de morrer. Quem sabe de repente eu poderia aproveitar a vida e fazer algo que preste do meu tempo, mas eu quero morrer Dar um tiro na cabeça e morrer Ser esfaqueada na rua e morrer Pular de um penhasco e morrer Derreter, virar lama Ou queimar até pó virar Tomar um remédio bem forte e adormecer pra sempre. Desaparecer do estado de eu Sangrar até não sentir mais doer. Talvez isso seja real mas talvez não, vai saber... Permita-me desfrutar licença poética para escrever Quem sabe ela ajude a passar
Auto-crítica
Meus comportamentos corrosivos são péssimos. Eu não vejo mais sentido nisso. Estou completamente individualista, egoísta. Sério, eu não vejo mais sentido nisso. Eu só quero me desfazer de tudo e me autodestruir. O mais importante não é o amor.
Amores totalitários
Escolhi um rebelde para guia num tour noturno. Caiu a madrugada fria, já sabe. Um bom cobertor para se esquentar sem fazer alarde. É certo de que vai te fazer suar. Sabe como é, se amarrar num libertário. Ele te diz: Não tenha pressa, somos revolucionários! Aí eu digo então: Que bom! Mas eu só gosto de amores totalitários!
Elogio
Vou tomar como elogio quando ouvir você dizer que estou fora da realidade.
Não vou mais fazer alarde ou espantar-me, questionar-te sem cessar.
Só vou parar e escutar, pensar que é um elogio, visto que esta realidade não me contempla mais.
Quando olhei pro nada eu me vi
Não havia vazio maior.